Faixa de estreia do Room 414, Hellhound On My Trail é considerado por muitos como uma das melhores performances de Robert Johnson. Com sua vida repleta de mistérios e mitos, esta música é das mais icônicas sobre pactos e cobranças, mas há outras interpretações menos sobrenaturais. Conforme não haviam explicações para esses mistérios e mitos as pessoas começaram a acreditar que havia magia envolvida.

Interpretação de Hellhound On My Trail

Antes de mais nada é importante lembrar que ser um homem negro no Mississippi no início do século XX não era algo fácil. Haviam poucas opções de trabalho e viver de música num cenário de extrema pobreza até hoje é algo impraticável, ainda mais naquela época. A discriminação racial era ainda mais intensa naquele período e, como se sabe, haviam diversos grupos extremistas brancos no sul dos Estados Unidos. Uma das versões desta música (certamente a que mais acredito) diz que Hellhound On My Trail (Cão de caça do inferno na minha trilha) se refere aos cães de grupos de linchamento que “caçavam” pessoas negras.

I gotta keep movin… Blues fallin down like hail ( Eu tenho que seguir em frente… Blues (tristeza) caindo como granizo )

Em outra parte da letra, Johnson diz: ” You sprinkled hot foot powder all around my door” (você espalhou o pó pé quente em volta da minha porta) que, embora faça alusão à alguma prática de hoodoo (ritual afro-americano), também é um pó que, espalhado sobre as portas de uma casa, ajudaria a disfarçar e confundir o odor de quem é perseguido (caçado) para os cães de caça.

You sprinkled hot foot powder all around my door… (Você espalhou (borrifou) pó pé quente em volta da minha porta…)

O Blues é a Música do Mal?

Um dos motivos que, com certeza, fomentou o mito do pacto de Robert Johnson e o da ligação do Blues, de forma geral, como ” a música do mal” é porque, as igrejas da região, durante um certo período, andavam vazias, sem faturamento, normalmente com umas poucas mulheres. Enquanto isso, os bares, onde se tocava o Blues, estavam lotados e fazendo bastante dinheiro. De acordo com algumas fontes, este seria o motivo para a igreja começar a ligar o estilo com o “mal”… como quem diz… “Está vendo aquele local (bar)? Não vá lá…. ali tocam música do mal…. ao invés disso, venham para a minha igreja buscar a salvação”.

Equipamentos usados

Guitarra: Strato “Mistery” (sem marca) afinada em E aberto (Open E: E B E G# B E) com captadores Seymour Duncan Little ’59 (braço), Cabrera single (meio) e Cabrera Overbucker (ponte). Usei apenas o captador do braço nesta faixa.
Cordas: Ernie Ball 011 guardada por 20 anos (1999-2019) e presente de André Christovam. Não é brincadeira! rs (Vejam o vídeo!)
Slide: Aço inox de fabricação própria
Amplificador: Handmade com base no clássico Fender Tweed Princeton 5F2-A lançado originalmente no ano de 1959. Este amp foi feito pelo meu amigo Rômulo Carvalho.
Gabinete: 2 Celestion Vintage 30
Pedais: Suhr Riot (leve boost de ganho), Barber LTD SR e Electro-Harmonix Cathedral (reverb).
Microfones: Sennheiser MD 421 e Royer R-10

Violão: Martin 000-15M (todo em mogno)
Microfones: 2 Rode NT5

Microfone para a Voz: Electro Voice RE-20